É terrível a sensação de que tudo que você faz não é suficiente. Nada está a contento. Nunca se chega ao ponto esperado pelos que estão a sua volta, que exigem mais e mais e mais.
É a história do coelho correndo atrás da cenoura. Presa nas costas dele uma vara, faz pender o legume, na outra ponta, diante do focinho, a uma distância de nunca alcançá-lo. Assim, corre eternamente até a exaustão.
Para uma pessoa ansiosa como eu, é um prato cheio. É preparar a cama para o inimigo deitar. Uma perseguição em que não há maneira de fuga.
Às vezes, quando queremos mais e mais, é porque desperdiçamos demais. Seja dinheiro, amor ou afeto. Desses, o pior é o desperdício de afeto.
Desperdiçar afeto nos deixa doentes. Pode ser de corpo, de mente ou de alma. E não há mais triste enfermidade que a doença de alma.
Sem alma, tudo se resume ao material. Viver se transforma numa triste luta quixotesca por ter mais e mais e mais.
Não há espaço para um sorriso de gratidão, uma palavra amiga, um ombro na hora mais difícil. Tudo se resume a relacionamentos que só valem se têm algo a dar em troca.
Não quero ser assim. Prefiro minha vida modesta. Sou mais a alma de um belo poema que a frieza de uma conta bancária recheada.
Não estou dizendo que dinheiro não é importante, não é isso. Dinheiro é uma ferramenta primordial no mundo contemporâneo. Aliás, sempre foi. Contudo, dinheiro deve ser um meio, apenas, nunca um fim.
Quando o dinheiro se torna um fim, é porque a alma está adoecida. Se não cuidar, ela pode morrer. Um corpo vivo com uma alma morta. Não queira ser assim. Faça de tudo para não ser assim. Caso não deseje ficar sozinho.
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