... e isso é tudo". Foram essas as palavras que ele disse antes de fechar a porta. Tentei buscar uma aspirina para aliviar a dor de cabeça que eu sentia de tanto chorar, mas a claridade que entrava pela janela me cegava, ferindo meus olhos como punhais afiados entrando em meus globos oculares. Pensei em chamá-lo outra vez pelo celular, pensei em abrir a porta e seguir pela escada de emergência, pois afinal de contas tê-lo de volta era emergente para mim. Nada disso fiz. Fiquei paralisada no centro daquela sala que juntos escolhemos a decoração, os quadros daquele amigo artista plástico que hoje vive no Tibet, os sofás que tardaram a entregar. Não, nada fiz. Nada para tê-lo de volta naquele momento. Lentamente segui em direção ao quarto, tateei pela parede de forma que pudesse me guiar, bati de leve o joelho esquerdo na quina de um móvel qualquer e essa dor somada com a que eu trazia da sala foram suficientes para me derrubar sobre a cama. Ali fiquei, ali me deixei ficar. Deitada, a face pressionando a superfície suave do lençol, não percebi a ponta do indicador direito entre os lábios. As lágrimas se organizavam em círculos no tecido de algodão. Adormeci.
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